No início de 2024, o cenário do mercado de carnes no Brasil se revela atípico em comparação com anos anteriores, destacando-se por uma demanda robusta que persistiu desde o final do ano anterior. De acordo com Ivan Faria, presidente da Comissão de Relacionamento com o Mercado do Instituto Desenvolve Pecuária, o mercado iniciou o ano com uma dinâmica inesperada, caracterizada por um consumo vigoroso durante as festividades, rompendo com o histórico em que a oferta superava a demanda.
Faria aponta que, tradicionalmente, as partes menos nobres dos animais costumavam exceder a procura, mas este ano as condições foram distintas. O consumo intenso resultou em estoques reduzidos, contrariando as expectativas usuais. "Apesar da alta demanda, observamos pequenos incrementos nos preços, especialmente para animais jovens, super precoces e bem terminados, registrando uma valorização de até 10%. Enquanto os frigoríficos enfrentam escalas curtas, a negociação de preços torna-se um desafio, com um mercado que busca manter ou até mesmo reduzir os preços", destaca.
O mercado de exportação também se destaca neste contexto, conforme ressalta Faria. A China, tradicionalmente um grande consumidor de carne brasileira, encontra-se temporariamente fora do mercado, resultando em um aumento da oferta para o mercado interno. O dirigente prevê que a China retorne em breve, mas, enquanto isso, o mercado enfrenta um momento desafiador, com estoques significativos no país asiático impactando os preços globais.
Ao projetar o ano de 2024, o presidente da Comissão de Relacionamento com o Mercado do Desenvolve Pecuária sugere que o mercado de carnes no Brasil caminhe para uma estabilidade. "Não vislumbramos grandes oscilações nos preços, tanto para cima quanto para baixo, indicando um cenário mais equilibrado em comparação aos anos anteriores", explica.
Entretanto, Faria destaca que o mercado de reposição de gado para engorda está descolado dessa estabilidade. "Com condições climáticas favoráveis, pastos produtivos e alta lotação, os pecuaristas buscam aumentar seus rebanhos, impulsionando a demanda por gado e elevando os preços no mercado de reposição", observa.
O presidente da Comissão de Relacionamento com o Mercado do Desenvolve Pecuária avalia que, enquanto o estoque chinês de carne é monitorado de perto, com uma estratégia de manter a demanda constante, mas ligeiramente inferior à necessidade para manter os preços baixos, o mercado interno enfrenta desafios como o poder de compra estável, inflação baixa e falta de crescimento econômico significativo. "Assim, o panorama para o setor de carnes no Brasil em 2024 é de estabilidade, mas com nuances e desafios que exigirão adaptação e estratégias inteligentes por parte dos atores envolvidos", finaliza.
Fonte: Assessoria de Comunicação do Instituto Desenvolve Pecuária