Em 28 de dezembro, durante a aplicação de vetos pelo Presidente da República na recém-aprovada Lei dos Agrotóxicos pelo Senado, a Nutrientes para a Vida (NPV) foi inundada por mensagens indagando sobre o futuro dos fertilizantes no Brasil. É crucial compreender, primeiramente, que fertilizante não se confunde com agrotóxico. Ambos são elementos essenciais na agricultura, mas desempenham funções distintas.
O registro de um fertilizante é conduzido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), enquanto os agrotóxicos passam por um processo regulatório envolvendo três órgãos: MAPA, Ministério do Meio Ambiente (representado pelo IBAMA) e Ministério da Saúde (representado pela ANVISA).
Em termos simplificados, o agrotóxico é empregado para eliminar, prevenir ou controlar tudo que obstaculiza o crescimento vegetal. Em contrapartida, os fertilizantes, ou adubos, promovem o desenvolvimento das plantas, resultando em colheitas mais produtivas. Portanto, esses dois produtos possuem finalidades totalmente divergentes.
Os agrotóxicos, de fato, têm como objetivo eliminar tudo que pode prejudicar o desenvolvimento vegetal, incluindo insetos, plantas daninhas, doenças fúngicas e bacterianas. Para isso, são utilizados herbicidas (contra ervas concorrentes), inseticidas (contra insetos) e fungicidas (contra fungos). Isso se assemelha às situações cotidianas em que controlamos insetos em casa com inseticidas contra o pernilongo (transmissor de dengue, zika e chikungunya) ou prevenimos doenças por meio de vacinas (gripe, febre amarela e, mais recentemente, a Covid).
No que se refere aos fertilizantes, ou adubos, seu propósito é totalmente diferente dos agrotóxicos, pois visam favorecer o crescimento das plantas, fornecendo os nutrientes necessários para seu desenvolvimento. Ademais, os fertilizantes também auxiliam na proteção das plantas contra determinadas doenças. Em uma analogia com os seres humanos, os fertilizantes correspondem ao alimento, proporcionando os nutrientes essenciais para o crescimento e a saúde.
A utilização de fertilizantes possibilita um desenvolvimento mais robusto das culturas agrícolas, resultando em uma maior produção de alimentos. Por outro lado, os agrotóxicos reduzem os fatores de risco de perdas na produção, combatendo insetos e plantas daninhas, de maneira análoga a um medicamento contra doenças.
Podemos resumir as informações da seguinte forma:
- Os agrotóxicos são produtos químicos utilizados para matar ou controlar pragas e doenças, enquanto os fertilizantes são substâncias utilizadas para enriquecer o solo com nutrientes;
- Os agrotóxicos são usados para proteger as plantas dos danos dos insetos e doenças, enquanto os fertilizantes são usados para ajudar as plantas a crescer;
- Os pesticidas podem prejudicar o meio ambiente e a saúde humana se não forem usados corretamente, enquanto os fertilizantes são geralmente seguros quando usados de acordo com as instruções;
- Os pesticidas podem basear-se na sua química, atividade toxicológica e penetração, enquanto os fertilizantes são compostos inorgânicos e orgânicos, naturais ou sintéticos, que fornecem ao solo nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas;
- Aplicação de agrotóxicos exige o uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual), ou seja, o uso de máscaras protetoras, óculos, luvas impermeáveis, chapéu impermeável de abas largas, botas impermeáveis, macacão com mangas compridas e avental impermeável. A aplicação de fertilizante não exige o uso de EPI.
De acordo com dados do Ministério da Agricultura e Pecuária, o Brasil detém uma parcela significativa, aproximadamente 8%, do consumo mundial de fertilizantes, consolidando-se como o quarto maior consumidor global. Essa posição coloca o país atrás apenas de potências agrícolas como China, Índia e Estados Unidos. Notavelmente, mais de 73% do consumo nacional de fertilizantes está vinculado às culturas de soja, milho e cana-de-açúcar.
Valter Casarin, que desempenha a função de coordenador geral e científico na NPV - Nutrientes para a Vida, destaca a relevância desses dados no contexto da agricultura brasileira.
Fonte: NPV - Nutrientes para a Vida