Marina Silva ressaltou a intenção de estabelecer um processo de transição, começando com medidas basilares e avançando gradualmente para uma abordagem integral no plano. Segundo ela, para que os produtores rurais tenham acesso ao Plano Safra, será necessário que suas propriedades estejam devidamente cadastradas no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e que não estejam localizadas em áreas de conservação ambiental.
"A medida que as etapas forem sendo cumpridas, será possível obter redução de juros", explicou a ministra. Ela mencionou uma metáfora usada com o ministro Fávaro, em que o Plano Safra seria categorizado de acordo com o grau de adesão dos produtores e sua trajetória de transição. Seriam identificados os níveis A, AA e AAA, com a partir de determinado patamar, sendo aplicada uma redução de juros como estímulo.
Marina Silva enfatizou que o novo Plano Safra terá uma abordagem inicial focada no que é essencial, ou seja, nas práticas de baixo carbono, e gradualmente se expandirá para abranger todas as áreas relacionadas. Essa mudança é significativa, pois o atual Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono) é apenas uma parte pequena do Plano Safra, com recursos limitados.
"A ideia é estimular toda a agropecuária brasileira a adotar práticas de baixo carbono em uma escala crescente. Essa mensagem deve ser transmitida de forma clara e forte", afirmou João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, ao jornal Valor. Ele destacou a incompatibilidade anterior entre os montantes destinados ao Plano Safra, que chegava a R$ 300 bilhões, e o Plano ABC, com apenas R$ 5 bilhões, considerado ínfimo.
Capobianco anunciou que nas próximas semanas será divulgado o novo Plano Safra, que será totalmente alinhado com o Plano ABC. Com uma abordagem gradual e redução de juros progressiva, espera-se que o plano se torne mais atraente para os proprietários rurais, incentivando a adoção de tecnologias de baixo carbono.
O secretário-executivo do MMA também destacou a importância de avançar da agricultura de baixo carbono para a agricultura carbono-neutro. Ele observou que já existem setores da agropecuária no Brasil que são neutros em carbono, e esses setores receberão melhores benefícios na obtenção de crédito rural em comparação com aqueles que persistem em práticas predatórias e antiquadas.
Fonte: Agência UDOP de Notícias