A agropecuária brasileira é reconhecida mundialmente por sua tecnologia, produtividade e sustentabilidade. Com uma contribuição significativa para o PIB e empregando milhões de pessoas, o setor agro é um pilar fundamental para a economia do país.
No entanto, frequentemente é retratado de forma caricatural e enviesada em livros escolares destinados aos estudantes do ensino Fundamental e Médio, como revelado por um estudo recente realizado pela Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (FIA/USP) em 94 livros didáticos utilizados em escolas públicas e privadas do Brasil.
É preocupante constatar que grande parte do material pedagógico analisado na pesquisa encomendada pela Associação De Olho No Material Escolar apresenta conteúdo equivocado e deseducativo sobre o agro. Mais de 60% das citações ao setor são de cunho opinativo e a maioria delas é influenciada por questões político-ideológicas, sem embasamento científico.
Essa distorção do dinamismo socioeconômico e ambiental do agronegócio pode levar os estudantes a associarem a atividade a problemas como devastação ambiental, exploração de mão de obra e conflitos sociais, sem compreenderem sua realidade.
Diante dessa realidade, é necessário questionar: qual é o papel de uma boa educação? Se o objetivo é ensinar às crianças e jovens sobre o Brasil real, é fundamental apresentar o agronegócio como uma atividade contemporânea do desenvolvimento, que demanda conhecimento técnico e científico nas áreas de agricultura, indústria e serviços. É importante promover uma abordagem equilibrada e baseada em fatos, que permita aos estudantes compreenderem a importância do agro para o país, suas práticas sustentáveis e seu papel na economia brasileira.
Uma educação imparcial e sem viés ideológico é ainda mais necessária, especialmente para os jovens que futuramente irão compor a força de trabalho do agronegócio, seja no campo ou na cidade. É fundamental que a formação escolar proporcione acesso ao conhecimento real sobre a produção agrícola brasileira. Ao longo dos quase 40 anos de carreira no setor agropecuário, tenho percebido um crescente entusiasmo da juventude por essa área.
Destaco dois aspectos dessa constatação: a diminuição da idade média dos empresários e produtores agrícolas, assim como o surgimento de startups de tecnologia voltadas para o agronegócio. Isso se deve, principalmente, ao empreendedorismo das novas gerações e à sua capacidade de criar softwares e aplicativos que aprimoram os processos produtivos.
Reconhecendo o importante trabalho da Associação De Olho No Material Escolar, observamos uma boa receptividade por parte das editoras de livros didáticos em revisar o conteúdo relacionado. Esperamos que as instituições de ensino despertem a curiosidade nas crianças e jovens para tornar a agricultura brasileira cada vez mais sustentável. Temos a melhor agricultura tropical do mundo, que contribui significativamente para garantir a segurança alimentar do Brasil e do mundo.
Jacyr Costa Filho - Presidente do Cosag - Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp e sócio da Consultoria Agroadvice
Fonte: Agência UDOP de Notícias