Nos últimos dois anos, o mercado global de fertilizantes enfrentou diversos desafios, incluindo interrupções na cadeia de suprimentos devido à escassez de produtos em decorrência da pandemia de covid-19, aumento do preço do gás natural, embargo econômico imposto pela União Europeia e Estados Unidos a Belarus desde 2021, além do conflito entre Rússia e Ucrânia que já se estende por um ano.
O primeiro semestre de 2022 foi particularmente difícil para os agentes brasileiros na aquisição de fertilizantes, em grande parte devido à guerra no leste europeu, que valorizou os principais fertilizantes intermediários em importantes regiões de negociação. O mercado brasileiro depende muito das importações, e, de acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos, 86% dos 37,72 milhões de toneladas de fertilizantes importados em 2022 (até novembro) foram importados.
Os preços médios dos fertilizantes intermediários registraram fortes aumentos ao longo do primeiro semestre de 2022 em comparação com o mesmo período do ano anterior, mas houve uma queda no final de 2022, quando a oferta de fertilizantes se ajustou. O cloreto de potássio, que é responsável por cerca de 38% do total importado nos últimos cinco anos, aumentou 227,7% no primeiro semestre de 2022, mas a cotação média em dezembro de 2022 foi 10,2% menor que em novembro.
A quantidade de cloreto de potássio importado pelo Brasil do Canadá somou 4,54 milhões de toneladas em 2022, um aumento de 9,1% em relação a 2021, mas as compras da Rússia e de Belarus foram reduzidas.
A queda nas compras de cloreto de potássio da Rússia e Belarus foi resultado das sanções econômicas impostas pelos países ocidentais devido à guerra no leste europeu. O Brasil também reduziu as importações de outros fertilizantes intermediários, como a ureia e o MAP, vindos da Rússia.
Além das sanções, os agentes brasileiros enfrentaram dificuldades logísticas na importação de fertilizantes intermediários em 2022. Os gargalos nos portos e a falta de contêineres impactaram o processo de importação, o que resultou em atrasos nas entregas e aumento dos custos.
Os mecanismos de pagamento também foram um desafio para os agentes brasileiros na aquisição de fertilizantes intermediários em 2022. As sanções econômicas e as incertezas políticas sobre o futuro da Rússia no mercado internacional geraram insegurança nos negócios e dificultaram a negociação de contratos.
Apesar dos desafios enfrentados pelos agentes brasileiros na aquisição de fertilizantes intermediários em 2022, os preços dos insumos começaram a se estabilizar no final do ano passado. Com a oferta ajustada, os preços médios dos fertilizantes intermediários recuaram e voltaram aos patamares de 2021.
Para reduzir a dependência externa de fertilizantes intermediários, o Brasil tem investido em programas para aumentar a produção nacional de insumos, bem como em acordos comerciais com países produtores de fertilizantes. No entanto, enquanto o país não alcança a autossuficiência na produção de fertilizantes, a importação continuará sendo uma necessidade para manter a produção agrícola brasileira.